“TODA ALMA ESTEJA SUJEITA ÀS AUTORIDADES SUPERIORES” (RM 13.1)

Pr. Levi Araújo

Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. (ARC)

 Todos devem sujeitar-se a NERO, STALIN ou HITLER, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. (VLA – VERSÃO LEVIZÃO ATUALIZADA  1)

 Todos devem sujeitar-se ao Povo, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. (VLA – VERSÃO LEVIZÃO ATUALIZADA  2)

 Todos devem sujeitar-se aos eleitos dos poderes executivos e legislativos, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram através do Povo por ele estabelecidas. (VLA – VERSÃO LEVIZÃO ATUALIZADA  3)

          Que Deus nos livre do autoritarismo das hermenêuticas anacrônicas, literalistas ou libertárias na interpretação da Bíblia ou de quaisquer outros textos ou documentos da literatura universal, essas interpretações quase sempre autoritárias não foram instituídas por Deus. Muitos déspotas inimigos do bem comum foram legitimados por pseudocristãos com essas desatentas cosmovisões, narrativas e leituras das escrituras, são cúmplices em nome de Deus e usando versículos bíblicos dos genocídios, opressões, injustiças e sofrimentos de muitos povos e nações.  A pesquisa honesta e cuidadosa do contexto histórico, cultural, social, econômico e geopolítico de cada texto nos ajudará a não viajarmos na exegese usando textos como pretexto fora do contexto ofendendo os autores bíblicos e seus destinatários. Chega de ensinos tóxicos, tire o veneno da panela que você usa para alimentar as ovelhas do Sumo Pastor. Textos como Romanos 13.1 a 7; 1 Timóteo 3.1-3; Tito 3.1 a 3 e 1Pedro 1.11 a 17 devem receber as luzes de outros os textos do Novo Testamento. Há que se ponderar como Jesus de Nazaré e seus apóstolos galileus – só Judas não era galileu – e a chamada igreja primitiva se relacionou, reagiu e resistiu ao Império Romano.

No caso específico de Romanos 13, precisamos considerar que o autor – que conta com o escrevente Tércio (Romanos 16.22) e com a Viúva Febe que levou a carta (Romanos 16. 1 e 2) –  é cidadão romano (Atos 22 e 23) e fariseu (Filipenses 3:5) e que essa carta fantástica é direcionada a igreja de discípulos de Jesus de Nazaré que está em Roma. Aquela comunidade do Cristo Ressurreto era uma perícope da sociedade romana, em sua maioria formada por gentios que rejeitavam a minoria de judeus que insistiam em impor a todas as pessoas as suas convicções e hábitos religiosos quanto aos alimentos e dias santos. Atinemos também o cuidado e sabedoria diplomática de Paulo para que os discípulos e discípulas de Jesus não fossem esmagados pela pelos líderes judeus e pela mão de ferro do imperador, e que seria muito estratégico a sua passagem para pregar na capital do império seguindo quando possível para a Espanha.

Ademais, o estilo literário de Paulo em seus argumentos fundantes, sempre começa com sentenças que geram digressões e mais digressões, o apóstolo Pedro revelou suas dificuldades em compreender os escritos de Paulo (2Pedro 3.15 a 16) e que os ignorantes e instáveis costumavam distorcer para a própria destruição. O versículo primeiro do capitulo treze é a sentença geral que até o final do capítulo produzirá digressões essenciais, mas me atenho somente ao fato de que a prática do bem deve ser a bandeira comum dos governantes e governados, a autoridade só é serva de Deus quando pratica o bem e governa para promover a prática do bem. (Romanos 13.3 e 4).

Todas as autoridades devem reconhecer em profundo temor a delegação do Eterno Todo Poderoso para não terminar como Nabucodonosor como um bicho bestial comedor de capim (Daniel 4.33) ou como Herodes Agripa I devorado por bichos (Atos 12.23). O maior pavor deve estar com os governantes autorizados por Deus para governar segundo as suas orientações de Amor, Justiça, Paz e Prosperidade para todos e todas sem ninguém ficar de fora.

A desobediência profética de Pedro e João diante do Sinédrio ao dizerem corajosamente que “não é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus” (Atos 4.18 a 20) é a mais potente luz interpretativa das seguintes desobediências às autoridades instituídas por Deus que prevaricaram por interesse e má-fé cometendo abuso de poder e provocando injustiças e trazendo prejuízos ao bem comum: Lembremo-nos das parteiras hebreias tementes a Deus e desobedientes a Faraó e seus decretos genocidas (Êxodo 1.18 a 21); de Rahab mentindo para o Rei de Jericó sobre os espiões hebreus (Josué 2.2 a 7); de Eúde que engana os ministros do Rei enfezado e o mata como Bonhoeffer desejou fazer com Hitler (Juízes 3. 12 a 30); de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego recusando-se a cumprir decretos do reis (Daniel 3 e 6); dos Reis Magos do Oriente, o Anjo, Jesus, Maria, José e o burrinho desobedecendo e enganando Herodes (Mateus 2).

Sendo Deus a fonte de tudo o que existe e que tudo o que acontece Ele deve ter suas razões para interferir ou não, podemos argumentar que não é porque Deus criou Lúcifer que devemos nos submeter a Satanás, bem como não é porque Deus não impede a manifestação do Anticristo que devemos nos sujeitar às suas ordens.  Posto isto, submetamo-nos a toda autoridade instituída por Deus e como seus conservos e embaixadores do Reino de Deus, busquemos o bem comum cumprindo todos os deveres de lutar pela defesa e segurança de todos cidadãos e cidadãs de qualquer cidade ou nação, garantindo-lhes os direitos fundamentais a vida e a liberdade.

Agora digo eu, não Paulo: É nosso dever atuarmos como agentes do Eterno praticando a nossa vocação profética e, se for o caso, resistir e destituir toda autoridade que prevarica à sua função de serva na busca do bem comum. Profetizemos e denunciemos toda corrupção, necropolítica e política pública que atente contra a justiça, o bem estar social e os direitos de todos, todas e todos cidadãos.         Entretanto, se você estiver desobedecendo a autoridade que serve aos desígnios amorosos e justos do Pai das Luzes, que em Jesus de Nazaré nos ensinou a amar aos outros como Ele nos amou e fazer aos outros o que gostaríamos que fosse feito a nós, que a espada lhe encontre com boas lapadas, e agradeça a Deus, pois naquele contexto histórico a espada tinha preferência por separar a cabeça do corpo.

Glorifiquemos a Deus com a nossa postura cidadã e política exercendo uma consciência crítica diante de todos que exercem autoridade, e que toda a glória seja para sempre à Autoridade Suprema do Universo que se fez carne e habitou entre nós, foi perseguido, torturado, crucificado, sepultado, ressuscitado e assunto aos céus e está presente em nossas vidas até a consumação dos séculos, quando todas as pessoas – autoridades ou não – se prostrarão e confessarão que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai. Aleluia! Amém!

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