SAÚDE – O QUE DEUS ESPERA DE NÓS?
Por Anderson Nunes
Frequentemente esperamos que Deus nos cure e nos livre de doenças. Mas o que Deus espera de nós na área da saúde? A Bíblia traz uma história que nos ajuda a responder essa pergunta. É sobre a cura do General Naamã que se encontra no livro de II Reis 5.1-19. Vejamos algumas respostas possíveis.
1. Deus espera que todos nós façamos a nossa parte
Quando soube que o marido de sua senhora estava gravemente enfermo, uma menina usou o poder que tinha para ajudá-lo: a informação. Ela sabia que existia alguém que poderia curá-lo bem como sabia onde encontrá-lo. Não era fake news nem “pensamento positivo”. De fato havia um profeta em Israel que cuidava da saúde das pessoas, em um tempo onde religião e medicina estavam misturadas. Hoje os “profetas” estão nos hospitais, exercendo o poder da ciência para tratar e, muitas vezes, curar as pessoas. Assim como a menina, qualquer um de nós pode e deve usar informações corretas que ajudem as pessoas a protegerem e recuperarem a sua saúde. Em tempos de pandemia, repercutir as orientações das autoridades sanitárias, assim como conferir não compartilhar mensagens de fontes duvidosas é fundamental. Não subestimemos o nosso poder de ajudar: podemos não estar em uma posição que nos permita uma intervenção direta sobre os problemas de saúde, mas indiretamente podemos intervir. A menina usou esse poder e o resultado foi a cura do General Naamã. Sigamos o seu exemplo.
2. Deus espera que todos nós possamos gozar de saúde
Israel e Síria eram nações inimigas. Quando Naamã foi enviado pelo seu rei ao rei de Israel para encontrar o profeta Elizeu, pareceu a este ser apenas um pretexto para mais um conflito. Afinal, se ele não fizesse o que esperava o inimigo, poderiam haver retaliações. No entanto, o próprio profeta interveio para salvar a vida do general que poderia vir a ser o líder de um exército contra a sua nação em campos de batalha. Naamã era conhecido, inclusive, pelas suas vitórias militares. Se Elizeu pensasse em termos políticos e, possivelmente, se ele se deixasse levar pelos seus afetos, não agiria em favor dele. Aliás, poderia até comemorar o fato de Naamã estar doente e torcer para que morresse da sua doença o quanto antes. Mas embora fosse um inimigo, era um ser humano. Do mesmo modo podemos encarar a saúde daqueles que nos prejudicam e de quem não gostamos. Temos visto nesses dias pessoas se alegrando ao tomar conhecimento de que certos políticos contraíram o coronavírus e dizendo coisas do tipo: “tomara que sofram para aprenderem a cuidar melhor da saúde do povo” ou, pior ainda, “tomara que morram”. Também temos visto um desprezo com relação ao risco de contaminação das populações carcerária e de rua, ao prevalecer uma atitude de suposta superioridade moral e a lógica do merecimento sobre a lógica da compaixão e da dignidade comum a todos os seres humanos. Elizeu podia ser considerado a reserva espiritual e moral de Israel, mas não era pregador do ódio contra os que odeiam e nem usava de falso moralismo hipócrita. Quando se fala em saúde, se fala em um direito fundamento de todo ser humano que é fundado no reconhecimento do simples fato de que o outro é um ser humano como nós e não fundado em nossas convicções políticas ou sentimentos pessoais. Sigamos o exemplo de Elizeu.
3. Deus espera que todos nós usemos os meios naturais para gozar de saúde
Naamã foi surpreendido pelo método de cura do profeta Elizeu. Não esperava ter que mergulhar sete vezes no rio Jordão. Se fosse para curar dessa forma poderia ter se curado no seu país, onde havia melhores rios do que em Israel. Ele esperava que a cura viesse por meio de um ritual religioso onde o profeta iria impor as suas mãos e invocar o seu deus para que então acontecesse o milagre. Para surpresa do General, sequer o profeta apareceu: apenas deixou as instruções que, se fossem seguidas à risca, recuperariam a sua saúde. Não fosse pela insistência da sua comitiva, ele teria voltado para a Síria ainda leproso. Felizmente, porém, ele deu ouvidos aos bons conselhos e encontrou a cura. Em nossos dias ocorre algo semelhante com muitos. Esperam que Deus faça tudo sozinho, que os proteja do vírus e que os cure do COVID-19. Desprezam os meios naturais que servem para proteger e recuperar a nossa saúde. Os nossos rios não estão em Israel, mas podem estar no nosso corpo: são as máscaras, a água e o sabão e o álcool gel. Também precisamos ter a paciência de usar muitas vezes, como Naamã teve que se banhar sete vezes. A nossa saúde exige muitos cuidados e mais ainda nesse momento em que cuidar da nossa saúde individual é também cuidar da saúde pública. Se Naamã voltasse para casa com a sua doença contagiosa, poderia contaminar a outros; se ele morresse da sua doença, todo país sofreria com a ausência do seu competente general. Se ao sairmos, nós voltarmos para casa com o coronavírus, não será muito diferente: haverá consequencias ruins para nós e para os outros, das mais leves às mais graves, incluindo a morte. E do mesmo modo traremos consequências para todos, para a rede pública de saúde que não conseguirá atender a tantas demandas em tão pouco tempo, por falta de leitos, respiradores, insumos e profissionais. Não precisamos deixar de crer em Deus ou mesmo em milagres para seguir as orientações corretas para a nossa saúde e a de todos. Não é uma coisa ou outra: ou a fé ou a ciência, ou Deus ou os médicos, ou as orações ou as máscaras. Elizeu não precisou impor as suas mãos para curar Naamã: sua ferramenta de trabalho foi a palavra. Nesse momento precisamos deixar o contato físico e seguir a boa palavra, seja aquela que sai da boca de Deus ou aquela que sai da boca dos homens. Na verdade Deus fala pelos homens e Naamã entendeu isso a tempo. Apesar de quase ter fechado os seus ouvidos, ele cedeu a boa palavra; apesar da sua resistência inicial ao fato de que Deus pode trazer saúde pelos meios naturais, no fim ele se submeteu a estes meios e encontrou a cura. O milagre pode estar literalmente nas nossas mãos e é exatamente o caso na situação em que vivemos: basta que reconheçamos essa verdade e a coloquemos em prática. Não é hora de óleo ungido, mas de água, sabão e álcool gel. Sigamos o exemplo de Naamã.
Essa história bíblica nos ensina o que Deus espera de nós na área da saúde: 1) que todos nós façamos a nossa parte; 2) que todos nós possamos gozar de saúde; 3) que todos nós usemos os meios naturais para gozar de saúde. Que ao fazer o que Deus espera de nós e não apenas esperar que Deus faça por nós, a nossa fé seja viva por meio das nossas obras e assim sirva para proteger e recuperar a nossa saúde e a saúde de todos.
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