JESUS NÃO “PROSPEROU”.

Jesus viveu numa sociedade que oprimia os pobres com uma pesada carga tributária para sustentar tanto o templo/religião quanto o Império Romano/estado (Mt 22.15-22; Mt 17.24-27).  Mesmo assim, os judeus acreditavam que a pobreza e a doença eram um castigo divino e uma maldição individual (Mc 10.23-25; Jo. 9.1-3). Aqui no Brasil não é muito diferente. Vivemos no país que é campeão de desigualdade social, mas a pobreza e a doença são espiritualizadas. E assim os profetas de Baal enriquecem, prometendo prosperidade e saúde em troca de dinheiro. Muitos caem nessa por ignorância bíblica!  Se o problema é este, o que segue abaixo pode ajudar.

 

Para início de conversa, Jesus não “prosperou”!

 

– Jesus foi Filho de um desprezado carpinteiro (Mc 6.3)

– Seus pais só podiam dar a oferta dos pobres (Lc 2.23-24/Lv 12.6-8)

– Nasceu em um estábulo no meio dos animais (Lc 2.27)

– Nos seus primeiros anos foi um refugiado no Egito (Mt 2.14)

– Cresceu na subdesenvolvida província da Galiléia (Mt 2.22,23)

– Viveu na insignificante cidade de Nazaré (Jo 1.46)

– Durante o seu ministério não teve casa própria (Lc 9.58)

– Viveu de doações de mulheres voluntárias (Lc 8.2)

 

Se pobreza fosse sinal de pecado, Jesus teria sido um grande pecador!

Se riqueza fosse sinal de espiritualidade, Jesus teria sido o mais rico de todos os homens!

Mas a sua pobreza foi a nossa riqueza! (II Co 8.9)

 

Vejam o que Jesus ensinou sobre a pobreza e a riqueza:

 

– Bem-aventurados os pobres e ai dos ricos (Lc 6.20,24,25)

– A pregação do evangelho aos pobres era uma evidência da chegada do Reino de Deus (Mt 11.4-5)

– Os pobres serão exaltados e os ricos humilhados (Lc 1.52,53)

– Quem dispensar atenção aos pobres será aceito no Reino de Deus (Mt 25.31-40)

– Os ricos dificilmente entrarão no Reino de Deus (Mc 10.23-25)

– As riquezas são um obstáculo para a germinação da palavra (Mt 13.22)

– Se o apego as coisas materiais for um problema, o melhor é se livrar delas (Lc 12.33; Mc 10.21)

– Onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração (Mt.6.19-21)

– Não dá para servir a Deus e as riquezas (Mt 6.24)

– Para ser discípulo de Jesus é preciso disposição para renunciar tudo o que tem (Lc 14.33)

– Jesus proíbe seus discípulos de levarem dinheiro e bens para o campo missionário (Lc 9.3)

– Jesus ensina o desprendimento das coisas materiais e o contentamento com o que se tem (Mt 6.25-34)

 

Agora vejam como era a igreja primitiva:

 

Na igreja de Jerusalém os crentes tinham tudo em comum, embora tivessem a liberdade de usar os seus bens como quisessem (At 2.44; 5.4). A preocupação não era que cada um tivesse cada vez mais, e sim que todos tivessem de acordo com as suas necessidades (At 2.45). Não havia entre eles necessitado algum por causa da solidariedade (At 4.34). Eles passaram necessidades e tiveram que ser ajudados por outras igrejas como as igrejas de Antioquia, Roma, Macedônia e Acaia (At 11.29-30; Rm 15.26). Nas primeiras igrejas, os ricos eram exceção (I Co 1.26; At 13.1; Rm 16.23). Não havia corrente da prosperidade. A única corrente que havia era a da solidariedade.

 

Confiram o que os apóstolos ensinaram sobre o assunto:

 

– Os avarentos não herdarão o Reino de Deus (I Co 6.10)

– A avareza é idolatria (Cl 3.5)

– O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm 6.10)

– Não se deve discriminar os pobres (Tg 2.1-4)

– Deus escolheu os pobres para serem ricos na fé e herdeiros do Reino de Deus (Tg 2.5)

– Os ricos oprimem os pobres (Tg 2.6,7)

– Os ricos exploram os trabalhadores e se deleitam com isso (Tg 5.1-6)

– Os ricos devem procurar se enriquecer de boas obras e usar sua riqueza para o bem dos outros (I Tm 6.17-19)

– As atitudes básicas do crente com relação às coisas materiais deve ser de desprendimento e de contentamento  (Fl 4.10-13; I Tm 6.6-9; Hb 13.5)

– Diáconos e pastores devem ser isentos de ganância (I Tm 3.1-8; Tt 1.7; I Pd 5.2)

– Há quem explore a fé como fonte de lucro (I Tm 6.3-5)

 

Para concluir…

 

A riqueza não é má nem o dinheiro é diabólico. A riqueza bem usada pode ser uma bênção, um instrumento de serviço a Deus e de manifestação da graça divina (II Co.9.10-13). O problema não é o dinheiro, mas o amor a ele (I Tm 6.10). Também não há virtude na pobreza nem é pecado querer melhorar de vida. Jesus não ensinou nem viveu um ascetismo (Mc 14.3; Lc 7.33). Pecado é fazer da busca da riqueza um estilo de vida (Mt 6.24). Pecado é valorizar mais as coisas materiais que as espirituais (Lc 12.15; Mc 14.3-9). Ao invés de lutar para ser rico, o cidadão do Reino deve lutar pela justiça social, isto é, pela distribuição da riqueza produzida na sociedade (At 2.45). Ao invés de viver insatisfeito em constante busca pela realização de sonhos de consumo, deve buscar o contentamento pela satisfação de suas necessidades e desprendimento das coisas materiais (Mt 6.25; Fl 4.10-13). Uma pessoa só pode ter completo desprendimento e contentamento se reconhecer que todas as coisas pertencem a Deus e se reconhecer que as coisas devem ser possuídas na perspectiva do Reino de Deus e da sua justiça/ética (I Tm 6.17-19; I Jo 3.17). Não se preocupe tanto em prosperar. Preocupe-se em seguir a Jesus, aquele que não prosperou.

 

One thought on “JESUS NÃO “PROSPEROU”.

  1. Mais uma vez, parabéns pelo conciso e assertivo texto sobre Jesus desconstruindo a famigerada Teologia da Prosperidade…Este blog traz um alento e uma esperança para continuarmos acreditando na possibilidade da existência de uma verdadeira comunidade cristã batista.

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